domingo, 29 de junho de 2014

Miastenia gravis


Trata-se de distúrbio autoimune adquirido, caracterizado por transtorno na transmissão neuromuscular devido à ação de anticorpos circulantes contra receptores pós-sinápticos da acetilcolina, o que resulta em deficiência desta na placa motora (defeito pós-sináptico). Nos EUA, a prevalência é de 1:20.000 indivíduos. A doença acomete predominantemente mulheres com idade entre 20 e 30 anos; 85% dos pacientes apresentam fraqueza e fadiga musculares generalizadas dos músculos esqueléticos e 15% mostram alterações nas musculaturas extraocular e palpebral. Há períodos de remissão e exacerbação espontâneas. A biopsia muscular raramente é realizada, pois na grande maioria dos casos o quadro clínico e as provas terapêuticas estabelecem o diagnóstico. (Bogliolo, 2011) 

domingo, 16 de junho de 2013

Alopecia areata



A alopecia areata (AA) é uma afecção crônica dos folículos pilosos e das unhas, de causa desconhecida, provavelmente multifatorial com evidentes componentes auto-imunes e genéticos. Determina queda dos cabelos e/ou pelos, por interrupção de sua síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível.
A afecção pode iniciar-se em qualquer idade, embora 60% dos pacientes apresentem o primeiro episódio da doença antes dos 20 anos. Ambos os sexos são igualmente afetados e alguns trabalhos estimam que cerca de 1,7% da população apresente pelo menos um episódio de AA durante a vida.
Em geral, os doentes relatam perda importante de cabelos e presença abrupta de áreas alopécicas. A lesão característica da AA é uma placa alopécica lisa com coloração da pele normal atingindo o couro cabeludo ou qualquer área pilosa do corpo.


A alopecia areata é doença multifatorial com componentes auto-imunes, atuando em indivíduos geneticamente predispostos, cujas causas reais permanecem desconhecidas, devendo-se considerar vários fatores:
  • Fatores genéticos - São importantes na gênese da alopecia areata, como comprova a alta freqüência de história familiar positiva nos doentes, variando de 10% a 42% nas séries estudadas. A positividade da história familiar é maior nos indivíduos com início precoce da alopecia, alcançando 37% nos doentes com início do processo antes dos 30 anos e 7,1% quando a afecção se inicia após os 30 anos.
  • Fatores imunológicos - Existem muitas evidências da participação de mecanismos imunológicos na patogênese da alopecia areata: a associação com doenças auto-imunes, a presença de anticorpos circulantes de várias naturezas e a presença, nos infiltrados inflamatórios que constituem a expressão histopatológica da alopecia areata, de células imunologicamente ativas.
Alguns estudos sugerem que o estresse emocional contribua para o surgimento da alopecia areata, dada a observação de que traumas emocionais precedem o processo e da ocorrência de alta prevalência de alterações de ordem psíquica nos doentes.


Histopatologicamente é característica a presença de infiltrado inflamatório linfocitário peribulbar, encontrando-se a maioria dos pêlos terminais em um único estágio evolutivo: catágeno ou telógeno. Evolutivamente os folículos vão diminuindo, formando os pêlos miniaturizados e sendo substituídos por tratos fibrosos. Também são encontrados, em todos os estádios da alopecia areata, eosinófilos tanto no infiltrado peribulbar como nos tratos fibrosos.

EM BREVE...
Seminário Integrado de Dermatopatologia
uma parceria entre a Liga de Patologia e a Liga de Dermatologia da UFSJ.

Referências:

  • RIVITTI, Evandro A.. Alopecia areata: revisão e atualização. An. Bras. Dermatol. [online]. 2005, vol.80, n.1, pp. 57-68. ISSN 1806-4841.
  • BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo: Patologia, 8ª ed, Guanabara Koogan, 2011

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Novos Membros 2013

Desejamos as boas-vindas aos novos membros da LAPAT, aprovados no II Processo seletivo. São eles:

  • Ana Beatriz Gervásio
  • Caio Fidelis Campos de Aguiar
  • Débora de Moura Fernandino
  • Fernando Gonçalves da Silva
  • Guilherme Milo Bárbara
  • Natiely Lara Borges Santos

Equipe LAPAT

Melanomas Cutâneos


Melanomas são neoplasias malignas. São mais comuns na pele e tem predominância em adultos. Embora lesões diagnosticadas no início possam ser curadas, boa parte dos melanomas ainda tem elevada mortalidade. Esses tumores representam 3% de todas as neoplasias malignas, com incremento de 4 a 6% a cada ano na sua incidência.
O melanoma cutâneo é um tumor maligno decorrente da transformação atípica dos melanócitos, geralmente no nível da junção dermoepidérmica. Apesar de representar somente 4% dos tumores malignos cutâneos, caracteriza-se por ter elevada morbidade e mortalidade, sendo responsável por 75% das mortes causadas pelos tumores cutâneos.
  • No Brasil, a incidência estimada do melanoma é de cerca de 4 casos por 100 mil habitantes.
  • A etiopatogênese é multifatorial, incluindo fatores genéticos e raciais, sendo que o principal fator de risco é a etnia.
  • O elemento mais importante, na maioria dos tumores, é exposição excessiva à luz ultravioleta (UV). A melanina tem efeito protetor contra a radiação solar explicando a menor incidência em afrodescendentes, exceto quando são albinos ou em áreas de ausência de pigmento, com palmas, plantas, leitos ungueais e mucosas.
  • Pacientes que tiveram melanoma têm maior risco de desenvolver um segundo melanoma independente do primeiro. 
Existem 4 tipos principais de melanoma, diferentes na origem, na evolução e no prognóstico:
  • Melanoma do lentigo maligno;
  • Melanoma maligno extensivo superficial ou pagetoide;
  • Melanoma maligno nodular;
  • Melanoma acral lentiginoso.


Dentre os tipos citados, o Melanoma extensivo superficial ou pagetoide tem maior incidência, cerca de 70% em indivíduos de pele clara, não havendo diferença entre os gêneros. Apresenta-se em áreas não expostas da pele, geralmente nas pernas em mulheres e no dorso em homens.
  • Raramente é maior que 2,5 cm de diâmetro; tem tonalidade e saliência variadas; São lesões normalmente hipopigmentadas ou amelanocíticas.
  • A lesão origina-se de melanoma pagetoide in situ, quase sempre dentro de 1 ano após o diagnóstico deste;
  • A transformação maligna é denunciada por aumento da enduração, com aparecimento de ulceração e hemorragia;
  • O índice de sobrevida de 5 anos é de 70%. 

EVOLUÇÃO

Fase inicial: crescimento radial ou horizontal, que pode estar confinada somente à epiderme e que, portanto, é referida como um crescimento apenas in situ. A lesão é chamada de plana.

A lesão pode permanecer na epiderme ou pode evoluir para segunda fase, que normalmente ocorre de 1 a 5 anos depois do seu surgimento.

Melanoma do tipo superficial na região dorsal


Fase de invasão da derme ou de crescimento vertical clinicamente denominada melanoma disseminativo superficial com componente nodular. Nessa fase, pode provocar metástases, tanto pela drenagem linfática, quanto por via sanguínea. 


CARACTERIZAÇÃO

A Sociedade Brasileira de Dermatologia utiliza a seguinte regra ABCDE para avaliar a presença de neoplasia maligna:
  • Assimetria da lesão;
  • Borda irregular;
  • Cor variável;
  • Diâmetro maior que 6 mm na maioria das lesões;
  • Evolução: crescimento, coceira ou sangramento. 



Então,
Se houve aparecimento de nódulo à o tumor cresce verticalmente.
Se houve Irritação e sangramento à há rápido crescimento tumoral = pior prognóstico.
A pele que recobre as lesões de melanoma perde suas estrias normais.
  • Melanoma pagetoide pode surgir em áreas não cutâneas, como globo ocular, cavidades oral e nasal, genitália externa, vagina, uretra e região anal.

Em geral, lesões de mucosas têm comportamento mais agressivo e pior prognóstico.

 Melanoma extensivo superficial: fases radial e infiltrativa

Mitoses nos melanócitos

Melanócitos repletos de pigmento

VÍDEO: http://www.gbm.org.br/gbm/video/melanoma/melanoma.aspx

REFERÊNCIA:
  • http://www.gbm.org.br/gbm/Default.aspx
  • Antônio CMC, Jeferson O. Melanoma cutâneo: doença curável? Revisão de literatura e apresentação de um organograma de investigação e tratamento. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 51 (4): 312-316, out.-dez. 2007
  • BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo: Patologia, 8ª ed, Guanabara Koogan, 2011
  • ROTTA, Osmar (Coord.). Guia de dermatologia: clínica, cirúrgica e cosmiátrica. Barueri: Manole, 2008. 725 p. (Guias de medicina ambulatorial e hospitalar).

Amanda Figueiredo
LAPAT-UFSJ