A alopecia areata (AA) é uma afecção crônica dos
folículos pilosos e das unhas, de causa desconhecida, provavelmente
multifatorial com evidentes componentes auto-imunes e genéticos. Determina queda
dos cabelos e/ou pelos, por interrupção de sua síntese, sem que ocorra
destruição ou atrofia dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível.
A afecção pode iniciar-se em qualquer idade, embora
60% dos pacientes apresentem o primeiro episódio da doença antes dos 20 anos. Ambos
os sexos são igualmente afetados e alguns trabalhos estimam que cerca de 1,7%
da população apresente pelo menos um episódio de AA durante a vida.
Em geral, os doentes relatam perda importante de
cabelos e presença abrupta de áreas alopécicas. A lesão característica da AA é
uma placa alopécica lisa com coloração da pele normal atingindo o couro
cabeludo ou qualquer área pilosa do corpo.
A alopecia areata é doença multifatorial com componentes
auto-imunes, atuando em indivíduos geneticamente predispostos, cujas causas
reais permanecem desconhecidas, devendo-se considerar vários fatores:
- Fatores genéticos - São importantes na gênese da alopecia areata, como comprova a alta freqüência de história familiar positiva nos doentes, variando de 10% a 42% nas séries estudadas. A positividade da história familiar é maior nos indivíduos com início precoce da alopecia, alcançando 37% nos doentes com início do processo antes dos 30 anos e 7,1% quando a afecção se inicia após os 30 anos.
- Fatores imunológicos - Existem muitas evidências da participação de mecanismos imunológicos na patogênese da alopecia areata: a associação com doenças auto-imunes, a presença de anticorpos circulantes de várias naturezas e a presença, nos infiltrados inflamatórios que constituem a expressão histopatológica da alopecia areata, de células imunologicamente ativas.
Alguns estudos sugerem que o estresse emocional
contribua para o surgimento da alopecia areata, dada a observação de que
traumas emocionais precedem o processo e da ocorrência de alta prevalência de
alterações de ordem psíquica nos doentes.
Histopatologicamente é característica a presença
de infiltrado inflamatório linfocitário peribulbar, encontrando-se a maioria
dos pêlos terminais em um único estágio evolutivo: catágeno ou telógeno. Evolutivamente
os folículos vão diminuindo, formando os pêlos miniaturizados e sendo
substituídos por tratos fibrosos. Também são encontrados, em todos os estádios
da alopecia areata, eosinófilos tanto no infiltrado peribulbar como nos tratos
fibrosos.
EM BREVE...
Seminário Integrado de Dermatopatologia
uma parceria entre a Liga de Patologia e a Liga de Dermatologia da UFSJ.
Referências:
- RIVITTI, Evandro A.. Alopecia areata: revisão e atualização. An. Bras. Dermatol. [online]. 2005, vol.80, n.1, pp. 57-68. ISSN 1806-4841.
- BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo: Patologia, 8ª ed, Guanabara Koogan, 2011