segunda-feira, 4 de junho de 2012

Lúpus na Infância



   O lúpus eritematoso (LE) pode ser dividido em três variantes: lúpus eritematoso sistêmico (LES), lúpus eritematoso discóide crônico (LEDC) e lúpus eritematoso cutâneo subagudo (LECS). O lúpus eritematoso cutâneo subagudo (LECS) é extremamente incomum em crianças, e freqüentemente associado com a deficiência de complemento.

CASO CLÍNICO

   LBB, branco, masculino, cinco anos, encaminhado ao ambulatório de Reumatologia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, com queixas de lesões de pele desde os quatro meses de vida. A mãe referia que, com quatro meses de vida, a criança apresentou lesões de pele arroxeadas nos membros inferiores, superiores e na face. Referia que essas lesões melhoraram com tratamento para alergia, mas recidivaram.
   Há oito meses, iniciou com úlceras orais dolorosas que, episodicamente, infectavam e melhoravam com uso de antibióticos. Há três semanas, as lesões orais pioraram, juntamente com as lesões de pele. A criança deixou de se alimentar e iniciou com quadro de fraqueza generalizada, associada à febre duas vezes ao dia e artralgia em ombros.


   O caso refere-se a paciente com LECS e alterações neurológicas no decorrer da fase aguda, sem outras patologias detectadas.
   O tratamento inicial consistiu em antibioticoterapia com ceftriaxona 1,2g/dia, e medidas de suporte. Após resultados laboratoriais e biópsia, iniciou-se corticoterapia com prednisolona 15mg/dia e hidroxicloroquina na dose de 4mg/kg/dia. Após 3 meses foi suspensa a hidroxicloroquina e iniciado tratamento com talidomida na dose de 100mg/dia e redução gradativa da corticoterapia, com remissão das lesões cutâneas nos membros inferiores e superiores, mas persistência moderada na face. Houve redução da alopecia.
   Concluímos, com a apresentação desse caso de lúpus cutâneo na criança, que, apesar da raridade, devemos estar atentos para o diagnóstico precoce e melhor abordagem terapêutica. Particularmente nos casos de mães portadoras do anticorpo anti-Ro, para detecção e até possível reversão das complicações do bloqueio cardíaco congênito na criança, e nas próximas gestações.


Referência

FREIRE, Marlene et al. Lúpus Neonatal e Lúpus Eritematoso Cutâneo Subagudo na Infância. Rev Bras Reumatol [online]. 2004, vol.44, n.3, pp. 242-247.


Núbia Neves
Acadêmica de medicina
Membro da LAPAT






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