O lúpus eritematoso
(LE) pode ser dividido em três variantes: lúpus
eritematoso sistêmico (LES), lúpus
eritematoso discóide crônico (LEDC) e lúpus
eritematoso cutâneo subagudo (LECS). O lúpus eritematoso cutâneo subagudo
(LECS) é extremamente incomum em crianças, e freqüentemente associado com a
deficiência de complemento.
CASO CLÍNICO
LBB, branco, masculino, cinco anos,
encaminhado ao ambulatório de Reumatologia da Faculdade de Medicina do
Triângulo Mineiro, com queixas de lesões de pele desde os quatro meses de vida.
A mãe referia que, com quatro meses de vida, a criança apresentou lesões de
pele arroxeadas nos membros inferiores, superiores e na face. Referia que essas
lesões melhoraram com tratamento para alergia, mas recidivaram.
Há oito meses, iniciou com úlceras orais
dolorosas que, episodicamente, infectavam e melhoravam com uso de antibióticos.
Há três semanas, as lesões orais pioraram, juntamente com as lesões de pele. A
criança deixou de se alimentar e iniciou com quadro de fraqueza generalizada,
associada à febre duas vezes ao dia e artralgia em ombros.
O caso refere-se a paciente com LECS e alterações
neurológicas no decorrer da fase aguda, sem outras patologias detectadas.
O tratamento inicial consistiu em antibioticoterapia com
ceftriaxona 1,2g/dia, e medidas de suporte. Após resultados laboratoriais e
biópsia, iniciou-se corticoterapia com prednisolona 15mg/dia e hidroxicloroquina
na dose de 4mg/kg/dia. Após 3 meses foi suspensa a hidroxicloroquina e iniciado
tratamento com talidomida na dose de 100mg/dia e redução gradativa da
corticoterapia, com remissão das lesões cutâneas nos membros inferiores e
superiores, mas persistência moderada na face. Houve redução da alopecia.
Concluímos,
com a apresentação desse caso de lúpus cutâneo na criança, que, apesar da
raridade, devemos estar atentos para o diagnóstico precoce e melhor abordagem
terapêutica. Particularmente nos casos de mães portadoras do anticorpo anti-Ro,
para detecção e até possível reversão das complicações do bloqueio cardíaco
congênito na criança, e nas próximas gestações.
Referência
FREIRE, Marlene et al. Lúpus
Neonatal e Lúpus Eritematoso Cutâneo Subagudo na Infância. Rev Bras
Reumatol [online]. 2004, vol.44, n.3, pp. 242-247.
Núbia Neves
Acadêmica de medicina
Membro da LAPAT
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