Desde 1883,
quando Paul Erlich se propôs a estudar o conteúdo de glicogênio do fígado
diabético, a biopsia hepática (BH) por agulha ou cirúrgica tem tido indicações
cada vez mais amplas, transformando-se hoje em valioso instrumento de
diagnóstico, avaliação prognóstica e monitoramento terapêutico em muitas
doenças do fígado.
Biopsia Cirúrgica
A biópsia em
cunha fornece habitualmente amostras relativamente extensas do parênquima,
devendo ser colhida a até 4 cm de profundidade, sendo fácil a hemostasia se o
fragmento for delgado; deve-se evitar as porções muito superficiais do órgão.
Biopsia por agulha
Atualmente, é
bastante utilizada a agulha de Trucut, modificação da agulha de Vim-Silverman,
que tem diâmetro de 2,05 mm e baseia-se em mecanismo de guilhotina para colher
a amostra. Esse tipo de agulha “de corte” tem-se provado de grande utilidade,
diminuindo apreciavelmente a fragmentação do espécime e colhendo também porções
intactas de septos fibrosos em hepatites crônicas e cirroses, os quais são mal
representados em biopsias colhidas “por aspiração”, com agulhas como a de
Menguini, que por vezes não amostram bem as estruturas fibrosas.
Na maioria dos
casos, a biopsia é feita pela via intercostal (às cegas). A via laparoscópica
apresenta grandes vantagens, já que permite visão macroscópica do fígado, sua
superfície externa, a vasculatura abdominal e outros aspectos da cavidade
relevantes para o diagnóstico. Além disso, a visão direta permite seleção da
área a ser biopsiada, o que é de grande utilidade para orientação do
patologista. Apesar dessas vantagens, a laparoscopia é um método invasivo. Como
alternativa, muitos centros preferem a biopsia orientada por ultrassom, que tem
sua aplicação mais específica na exploração diagnóstica de lesões situadas
profundamente no parênquima hepático, inacessíveis à visão laparoscópica. A via
transjugular é utilizada em pacientes com transtornos da coagulação – portanto,
com biopsia percutânea contraindicada – ou em casos de ascite incontrolável.
Em virtude da facilidade
operacional, da segurança para o paciente e, sobretudo, do alto grau de
informação diagnostica e evolutiva que oferece, a BH tem indicação praticamente
em todas as hepatopatias.
Referência:
BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo:
Patologia, 8ª ed, Guanabara Koogan, 2011.
Vídeo:
Phelipe Gabriel
acadêmico de medicina
presidente da LAPAT
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